Esse sou eu

 

                                                            

                                                               



                                                         Esse sou eu

 

                                  Hoje (dia 10 de janeiro de 2021) faz 12 anos de minha formatura. Bacharelado em direito, pela foto da para notar a alegria de meu avô. Antes de entrar no mérito acerca do texto, faz-se necessário lembrar que no dia 19 de dezembro júpiter entrou em aquário, algo que ele faz em 12 em 12 anos, falo em aquário por ele estar no meu mapa, então é a porta de entrada para um novo “processo” de minha vida. Portanto, bem na data de minha graduação, nada de coincidência, mas, sim, de linha da vida.

 

                                  Entrei na faculdade com 18 anos, agora com quase o dobro, nota-se que sabia nada de nada, muito menos para ter uma decisão do direcionamento de uma profissão. Fui por espelho de meu pai e da família. Além do mais, a escolha se deu também por ser o caminho mais “fácil”, já que se não advogasse faria concurso, ou trabalharia com meu pai, o comodismo me pegou em cheio!

 

                                 Fui fazendo os semestres e a paixão não me arrebatou, em alguns momentos, quando havia propósitos maiores, ou quando eram casos nobres, ou de “justiceiro”, mas quando via, principalmente, advogados penalistas era um confronto forte com meu âmago. Continuei fazendo, por ser “cabeça dura”, ou não queria desagradar ninguém, na verdade era eu mesmo quem mais desagradava.

 

                                Formei-me, estudei para OAB, passei e logo entrei para a vida dos estudos, num primeiro momento, somente estudar. Estava focado, tinha escolhido a área de Tribunais do Regional do Trabalho para estudar e fui viajando pelo Brasil, com a ajuda de minha família me mantive. Era meu “sonho” ser Analista!! Em alguns cheguei nem perto, outros por uma questão, outros na redação por ínfima margem. Vi colegas e amigos passarem com seus méritos. Minhas desaprovações viraram uma bola de neve.

 

                                 Nesse tempo, tive um término de namoro, voltei a morar na cidade de Tapes, advogava e estudava de forma concomitante, continuei a viajar pelo Brasil e nada! Passava raspando, estava muito afiado e nada! A frustração vinha e trazia a bebida, noite, mulheres e fuga sem destino. Foi quando voltei a morar em Porto Alegre, advogava num escritório e estudava e permanecia “fugindo” para lugar nenhum.

 

                                        Comecei a prestar concurso no RS, estava afiado, novamente tiveram casos de uma questão, perguntava-me se eu tinha algo de errado, só podia. Tinha as valências de um estudante: disciplina, foco, regrado, inteligência, mas parecia que “amarelava” sempre caia nas “pegadinhas” das bancas, talvez por ter uma cabeça que não para. Então, no início de um novo namoro, passei num concurso no RS, mas de uma Entidade Federal.

 

                                       Era uma Autarquia, mas personalidade de direito privado, portanto era celetista (carteira de trabalho) e não estatutária (Lei 8.112 dá estabilidade), tive três meses de estágio probatório, tive que “entrar no sistema” ou sairia de lá, sem motivação. Mesmo assim, estava muito feliz, tinha encontrado a pessoa amada, segurança financeira, planejando ter filhos, etc.... Tudo isso foi em 2015, ajeitei o setor e outros setores que estavam defasados no local.

 

                                       Em 2016 tudo indo bem, foi quando veio maio de 2017 e perseguição começou, por rusgas políticas no local, entrei no meio disso e abriram processo para minha demissão, por um fato sem “pé nem cabeça”, defendi-me e o processo foi arquivado. Mas com minha memória de elefante, vendo essas pessoas todos os dias, foi bem difícil de esquecer e logo conviver. Continuei sendo diligente como sempre fui, mas vinham coisas que comecei a  fazer a contragosto.

 

                                       Em meados de 2018 pedi demissão, por mais uma perseguição sem fundamento, vi que se eu ficasse lá alguma tragédia poderia acontecer, ou o sistema iria me arrebentar ou outra coisa. Tinha chegado no meu limite, doeu muito e como, mas foi “aquela vozinha lá de dentro” que estava clamando para fazer isso, essa saída gerou outras consequências. Nesse tempo, laborei como autônomo, seja na advocacia, seja em app de veículo.

 

                                       Essa pandemia fez congelar o tempo para muita coisa e fez perceber o olhar desse “antigo cego”, ainda estou no direito, mas vejo a cada dia o nosso distanciamento. Esses 12 anos serviram como aprendizado, como José, filho de Jacó, disse ao perdoar seus irmãos que o fizeram escravo: “se não tivesse acontecido tudo isso, eu não estaria aqui (governador)”, ou Rama ao ser exilado na floresta por ordem do seu pai e não se tornado o próximo Rei, disse que deveria seguir a ordem do pai (dharma)..

 

                                       Era o meu processo, faz parte de minha história, ele quem solidificou o que eu sou hoje, o cara que está propenso a aprender sempre, mas que já passou por essa área, porque era o meu caminho. Isso não acontece só comigo, mas com muitas pessoas, o que difere é a exposição e a aceitação. Agora nesses próximos 12 anos vem uma nova etapa, com áreas, pessoas, locais diversos, mas, sobretudo, sabendo que é uma parte do todo, honrando o seu passado para fazer um melhor presente e consequentemente abrir as portas para um novo horizonte. Os nossos "eu" são os mesmos, mas na verdade não são. Assim é nossa vida.

 

Marcell Schaidhauer Barcellos

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